O Euro Digital, um projeto que tem ganhado destaque nos círculos financeiros e econômicos, está prestes a entrar em uma nova fase de preparação. O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu dar continuidade a essa iniciativa após dois anos de pesquisa e avaliação. No entanto, nem todos estão entusiásticos em relação a esse avanço, e surge a questão: é boa ou má a sua implementação?
Karel Lannoo, Diretor do Centro de Estudos Políticos Europeus (CEPS), expressa uma visão cética em relação ao Euro Digital. Ele afirma que esta nova moeda digital pode, na verdade, criar mais problemas do que soluções. Uma das principais preocupações é o desejo do banco central de ter o monopólio sobre o sistema financeiro quando se trata do Euro Digital. O BCE seria o emissor oficial dessa moeda, o que levanta a questão fundamental: que euros devem ser usados, os privados ou os públicos?
Essa preocupação está relacionada com o potencial impacto sobre os consumidores. Até agora, a função do banco central tem sido principalmente a supervisão do sistema financeiro, não a emissão de moeda. Com a introdução do Euro Digital, a distinção entre os euros privados e públicos pode tornar-se nebulosa.
Um relatório recente do CEPS aponta que o numerário ainda é a forma predominante de pagamento, apesar de uma ligeira diminuição desde 2019, quando representava 86% das transações, agora em 73% em 2022. No entanto, as transações digitais têm vindo a aumentar significativamente, passando de 480 mil milhões de dólares para 1,2 biliões de dólares entre 2016 e 2022, e espera-se que cresçam mais 80% até 2026.
A fase de preparação do Euro Digital, agora em andamento, é crucial para definir as bases do projeto. Isso inclui a finalização do código de regras do sistema, a seleção de fornecedores para o desenvolvimento da plataforma e infraestrutura. Além disso, serão realizados testes e experimentações para garantir que o Euro Digital atenda aos requisitos do Eurosistema e às necessidades dos utilizadores, abordando questões como a experiência do utilizador, privacidade, inclusão financeira e sustentabilidade ambiental.
É importante ressaltar que a decisão final sobre a emissão do Euro Digital só será ponderada pelo Conselho do BCE após a conclusão do processo legislativo da União Europeia. Portanto, embora o Euro Digital esteja progredindo, ainda há incertezas quanto à sua implementação completa.
Em última análise, a implementação do Euro Digital é uma questão complexa e polarizadora. Enquanto alguns veem o potencial para maior eficiência e inovação no sistema financeiro, outros estão preocupados com o monopólio do banco central e as implicações para os consumidores. O futuro do Euro Digital permanece incerto, mas a discussão em torno dele é fundamental para moldar o panorama financeiro na Europa e além.
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