segunda-feira, 29 de maio de 2023

A queima de Ethereum nos últimos 21 meses



 O Ethereum é uma das principais redes de blockchain do mundo, que permite a criação e o funcionamento de aplicações descentralizadas, como as finanças descentralizadas (DeFi) e os tokens não fungíveis (NFT). No entanto, o Ethereum também enfrenta alguns desafios, como a escalabilidade, a segurança e a sustentabilidade ambiental. Para resolver esses problemas, o Ethereum está passando por uma série de atualizações, que visam torná-lo mais rápido, mais seguro e mais eficiente em termos de energia.


Uma dessas atualizações foi o hard fork London, que ocorreu em agosto de 2021 e introduziu uma mudança importante no mecanismo de precificação das transações na rede Ethereum. Antes do London, as taxas de transação eram determinadas por um sistema de leilão, em que os usuários competiam entre si para terem suas transações incluídas nos blocos pelos mineradores. Esse sistema gerava uma grande volatilidade e incerteza nas taxas, além de incentivar os mineradores a inflacionar as taxas para obterem mais lucros.


Com o London, foi implementado o EIP-1559 (Ethereum Improvement Proposal 1559), que estabelece um preço base para as transações, chamado de taxa básica, que é ajustado dinamicamente de acordo com a demanda pela rede. Além disso, o EIP-1559 introduziu um mecanismo de queima de parte da taxa básica, ou seja, de retirada de circulação de uma quantidade de ether (ETH), a moeda nativa do Ethereum. Esse mecanismo visa reduzir a oferta de ether e tornar a emissão da moeda mais previsível e deflacionária.



Desde a ativação do EIP-1559, mais de 1 milhão de ETH foram queimados na rede Ethereum, o que equivale a cerca de 4 bilhões de dólares no momento da escrita deste artigo. A taxa média de queima é de cerca de 3 ETH por minuto, mas pode variar dependendo da atividade na rede. Em alguns momentos, a taxa de queima superou a taxa de emissão de novos ether pelos mineradores, gerando um efeito chamado de "emissão negativa", em que a oferta total de ether diminui ao longo do tempo.


Um dos principais fatores que impulsionam a queima de ether é o crescimento das plataformas de NFT, que são tokens digitais únicos e verificáveis que representam ativos como arte, música, jogos, colecionáveis e outros. Os NFTs são negociados em mercados especializados, como o OpenSea, que é o maior e mais popular do mundo. O OpenSea permite aos usuários comprar, vender, trocar e criar NFTs na rede Ethereum, usando ether ou outras moedas compatíveis.


O OpenSea foi o maior responsável pela queima de ether nos últimos meses, tendo consumido mais de 100 mil ETH em taxas desde agosto. Somente na semana passada, o OpenSea queimou mais de 600 ETH em taxas, superando outras plataformas como a Uniswap (uma bolsa descentralizada) e as transações diretas entre usuários. O sucesso do OpenSea se deve ao aumento do interesse e da demanda por NFTs, que se tornaram uma forma popular e lucrativa de expressão artística, entretenimento e investimento.


A queima de ether pelo OpenSea e outras plataformas tem um impacto positivo no valor e na segurança do Ethereum, pois reduz a pressão inflacionária sobre a moeda e aumenta o seu grau de escassez. Além disso, a queima de ether também beneficia os usuários da rede Ethereum, pois contribui para estabilizar as taxas de transação e torná-las mais previsíveis. Por fim, a queima de ether também é uma forma de reduzir o impacto ambiental do Ethereum  e incentiva a transição para um modelo mais eficiente em termos energéticos.


O Ethereum está passando por uma transformação histórica e inovadora, que visa torná-lo uma rede mais rápida, mais segura e mais sustentável. A queima de ether é um dos elementos dessa transformação, que tem sido impulsionada pelo crescimento das plataformas de NFT como o OpenSea. Essas plataformas mostram o potencial criativo e econômico do Ethereum e dos seus usuários, que estão criando e negociando novas formas de arte e valor na era digital.

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