Em maio, observamos uma realidade alarmante no universo das criptomoedas: a AntPool e a Foundry USA dominavam mais de 50% da taxa de hash do Bitcoin. Este cenário levanta sérias preocupações sobre a descentralização da rede e a segurança dos usuários de Bitcoin no futuro próximo.
A mineração de Bitcoin, que deveria ser descentralizada e acessível a todos, agora está nas mãos de poucos. Pools de mineração proeminentes consolidaram um poder esmagador, representando uma ameaça existencial ao pioneiro ativo digital do mundo. Essa centralização é o resultado inevitável de uma falha de design do próprio Satoshi Nakamoto.
Desde os primórdios da mineração de Bitcoin, testemunhamos uma tendência preocupante em direção à centralização. No passado, era possível minerar Bitcoin com CPUs de computadores pessoais, devido ao número limitado de mineradores e, consequentemente, a uma taxa de hash geral mais baixa. No entanto, ao longo dos anos, essa prática evoluiu para o uso de GPUs por volta de 2010 e, posteriormente, para os mineradores de circuitos integrados de aplicação específica (ASIC) em 2012. A ascensão dos ASICs deu origem a grandes empresas de mineração que dominam o cenário, preenchendo armazéns com centenas ou milhares dessas plataformas especializadas.
Os mineradores que detêm uma fatia maior da taxa de hash da rede Bitcoin têm mais probabilidade de minerar blocos e receber a recompensa do bloco Bitcoin, o que os incentiva financeiramente a verificar e adicionar transações ao blockchain do Bitcoin. Essa dinâmica levou muitos mineradores de pequena escala a se unirem a pools de mineração, onde combinam seus recursos computacionais para aumentar suas chances de recompensa.
Atualmente, a AntPool e a Foundry USA controlam mais de 50% da taxa de hash do Bitcoin, o que representa uma centralização preocupante na rede. Pools de mineração de grande porte desfrutam de economias de escala e operações mais eficientes, o que lhes confere uma vantagem injusta sobre os pequenos mineradores. O mais alarmante é que um pool de mineração que controle mais da metade da taxa de hash da rede Bitcoin pode lançar um ataque de 51%, comprometendo a segurança e a integridade da rede.
Ao longo dos anos, testemunhamos uma crescente centralização na indústria de mineração de Bitcoin, com pools de mineração cada vez mais sujeitos à censura. Por exemplo, tanto a AntPool quanto a Foundry USA agora exigem que os mineradores sigam protocolos Know Your Customer (KYC), o que contradiz diretamente o princípio de pseudonimato e privacidade subjacente ao Bitcoin.
Em fevereiro, esses dois pools já controlavam quase 50% do poder de hashing da rede, e em maio, essa participação aumentou para 56,4%. Esse aumento na concentração de poder significa que esses pools têm a capacidade de censurar transações, recusando-se a incluí-las nos blocos que mineram.
O exemplo mais evidente de censura ocorreu em setembro e outubro de 2023, quando o F2Pool não validou seis transações de endereços sancionados pelo Office of Foreign Assets Control (OFAC), uma agência do Tesouro dos EUA. Isso marca um precedente perigoso, pois demonstra que os pools de mineração têm o poder de filtrar transações com base em critérios externos, comprometendo ainda mais a integridade do Bitcoin.
Diante desse cenário preocupante, é fundamental que a comunidade de criptomoedas permaneça vigilante e tome medidas para preservar a descentralização e a segurança do Bitcoin. A educação financeira é uma ferramenta poderosa nesse contexto, capacitando os usuários a entender os riscos e as nuances técnicas envolvidas na mineração e na utilização do Bitcoin.
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